Sábado

Enfim, na balada da semana, eis aí o sábado, tempertura amena, outonal, gostosa. Dia de esquecer o trabalho e se devotar ao lazer, seja ele qual for, alegria, muita alegria é o que importa.

Amor

O amor é o oposto de egoísmo, é um deus que habita nosso interior, mas pode enlouquecer e se transformar em paixão avassaladora. O amor é belo, louvável, necessário à edificação da fraternidade, importante para a construção de um mundo melhor, sem ódio e guerras. É a porta que se abre para a entrada da paz. Segundo Platão, o corpo deve amar por amor à alma. O ato do amor engrandece a beleza, permite que a alma ascenda até a contemplação do ideal e do eterno.

Lembrança para o final de semana: amar a pessoa amada, a natureza que nos cerca, os amigos, a vida que nos foi dada.

Um belo final de semana a todos os meus amigos leitores.

Pés e mãos

Não se deve dormir à sombra dos louros e querer a comodidade de viver à gorda, com sombra e água fresca. É preciso apertar a pé quando se tem compromisso ou tarefas a realizar. Jamais permanecer no imobilismo ou dar no pé diante de desafios nem desfazer com os pés o que fez com as mãos. Se for supersticioso, pode começar a missão com o pé direito. E sempre manter-se firme, com determinação, no propósito perseguido. Sem arredar o pé. Afinal, é pela força do labor que se faz o pé de meia.

Novos tempos

Manhã nervosa, molhada de garoa e trânsito intenso. Não há tempo a perder, nem para se coçar. Tempo é dinheiro e os tempos atuais, de crise pipocando, são bicudos, de apertura. Não se pode mais amarrar cachorro com linguiça. Melhor aguardar o entardecer e passar o tempo à espera das estrelas. Claro, sem tomar o tempo a alguém. Tudo a tempo e a hora na roda do dia.

Com votos de muito sucesso e previsão de ótimo tempo de vacas gordíssimas.

Justiça

A Justiça se assemelha a uma aranha envelhecida, cansada depois de muitos embates, incapaz de tecer teias suficientemente fortes que aprisionem insetos criminosos.

Hoje

Vamos encher o peito, erguer as mãos, ter pensamento positivo. As vontades são fortes, os sonhos muitos. Mas, tenha certeza, eles serão realizados. Há sempre o tempo certo e ele se aproxima.

Dias robôs

Os dias marcham. São robôs fabricados pelo tempo. Avançam céleres, invadem os domínios do futuro, não se importam com os escombros do passado.

Vamos acompanhar a maratona da semana, com coragem, determinação e vontade de trabalhar e realizar nossos sonhos. Eles são possíveis. Desanimar jamais.

Noite

Com as tintas da imaginação desenho um céu estrelado e aguardo o luar para clarear os mistérios da noite.

Olhos abertos

Que olhos devemos ter? De jabuticaba, belos e suaves? Ou, na visão de Machado de Assis, de ressaca, “como a vaga que se retira da praia”? De seca pimenteira jamais, sem esquecer que inveja é o pior de todos os pecados capitais. Talvez olhos de lince, saber contemplar a manhã, a tarde, a noite e distinguir entre as sombras os fantasmas que espreitam na esquina. Melhor é ter olhos vivos, alertas, prestar dupla atenção, não se deixar iludir com acenos fantasiosos.

Siga em frente, olhos abertos, e tenha uma ótima semana, a última de maio.

Mulher

A mulher é água, terra, ar. É sol, lua e todas as estrelas. É um manso lago no deserto da humanidade, um oásis deslumbrante. Nela se completa a perfeição do artista que moldou o mundo, que fez brotar árvores e povoou as florestas com pássaros, que floriu todos os jardins da natureza. A mulher tem a divindade de criar, de buscar o misterioso sopro da vida e fazer renascer a esperança no futuro.

Domingo

Domingo, sol, tempo de empurrar a preguiça para o lado e olhar o horizonte, rever nuvens e seus encantos e vagar entre sonhos e realidade pensando no que fazer do dia que convida para o lazer.

Na falta do que fazer, um trecho de uma poesia de Vinicius de Moraes:

"Com as lágimas do tempo
E a cal do meu dia
Eu fiz o cimento
De minha poesia."

Sábado

O dia vai rumando para sua metade. Um sábado qualquer de maio. Preguiça, tempo de esquecer o dia a dia agitado do trabalho, adormecido no findar da sexta-feira. Há muito o que fazer no espaço do fim de semana. Basta escolher entre vigiar as estrelas, participar de uma balada, rever amigos, olhar a lua, ouvir música, curtir um filme. Enfim, cada um escolhe o que melhor lhe agrada. Importante é a alegria que deve animar nossos corações.

Sexta-feira

Ideal para vencer e conquistar vitórias: ter o espírito empreendedor da formiga que se dedica ao trabalho para prover o amanhã, mas também conservar a alegria da cigarra que canta a beleza da vida e da natureza.

Aproveite o final de semana, goze sem remorso o lazer dos justos.

Tempo Tempo Tempo


O novo livro do jornalista e escritor Guido Fidelis é Tempo Tempo Tempo, lançado pela RG Editores, de São Paulo. A obra reúne textos que remetem à beleza da vida, à superação de problemas, à necessidade de não esmorecer diante dos obstáculos do cotidiano, além de se constituir em incentivo ao trabalho, ao esforço e às realizações. Em linguagem poética, as mensagens convidam à reflexão e estimulam a alegria de viver. O livro, que tem diagramação diferenciada e bem cuidada, induz a observar e aproveitar melhor as belezas do dia-a-dia. Melhor não perder tempo e se deliciar com as mensagens filosóficas e estimulantes da obra de Guido Fidelis. Tempo, Tempo, Tempo é um livro para manter na cabeceira e consultar a qualquer momento em que se busque mais poesia e atitude para encarar a vida.

O mar

O poente fascina. Na areia da praia, fundos sulcos, rastros abandonados pelos caminhantes. Se se olhar para a abóboda celestial transparece, de imediato, a coloração. Nuvens mudam de tonalidade, formam desenhos abstratos. Neste cenário, o sol se deixa arrastar pela aproximação da noite. As pegadas de sua jornada pelo dia se derretem num extraordinário jogo de cores avermelhadas. A magia domina, a vida se aquieta na contemplação, tudo acompanha a coreografia até que os derradeiros raios mergulhem nas águas do mar. Ficam o mistério da criação e a beleza que enternece nossa imaginação.

Tempo

Alvorecer, manhã, tarde, crepúsculo, noite. O tempo escorrega, deixa o ontem adormecido no passado e percorre o caminho do futuro. Como disse Jorge Luis Borges, num dia do homem temos todos os dias do tempo.

Aproveite o correr do dia, que ele seja fantástico.

Vitória

Nenhuma conquista chega com a aragem da manhã quando se abre a janela para contemplar o alvorecer. A vitória depende dos ideais, do esforço, da luta ferrenha e do desejo de realizar pela força da perseverança e do trabalho.

Sonhe e transforme o sonhos na realidade. Basta querer, ir em frente, sem medo. Basta confiança e o desejo de realizar.

Viajar

Viajar. Ganhar as estradas, percorrer muitas terras, navegar por todos os oceanos, explorar o fundo do mar em busca de tesouros naufragados e encontrar a beleza silenciosa, escalar montanhas, conhecer civilizações, perambular pela história e costumes dos povos. Ou, simplesmente, excursionar pelos sonhos e descobrir os encantos da imaginação em fantásticas aventuras.

Para qualquer opção a temporada está aberta. Faça sua reserva e embarque na magia da viagem, mesmo que seja num simples percurso pelas ruas da fantasia.

São Paulo

Chuvisca sobre São Paulo. A cidade está opaca, acinzentada, lembrança de velhos tempos quando se cantava a terra da garoa. Aglomerados de concreto se espremem, em silêncio. Nas ruas, pessoas se equilibram nas calçadas e coreografam a dança dos guarda-chuvas.

Tempo impróprio para sair, percorrer parques. Mas vamos em frente, impossível esperar.

Estrelas

Olho empolgado. O homem que se aproxima, ergue a mão de borracha, estica o braço e apanha a estrela mais bela do céu. A rua permanece em silêncio, apenas sombras. De meus olhos úmidos escorrem pequenas estrelas.

Perereca burocrática na estrada

Eis que de repente, para espanto geral, surge no meio da estrada em construção, como se fosse um fantasma saído das profundezas infernais, uma solitária perereca. Os trabalhadores encarregados da obra de construção da rodovia destinada a facilitar o escoamento da produção agroindustrial e o fluxo de turistas entre Brasil e Argentina, ficam assombrados com a súbita aparição.
Paralisados os serviços, renomados técnicos são convocados para solucionar o complexo problema. Mestres, doutores e especialistas em questões ambientais promovem reuniões, realizam simpósios, debruçam-se sobre a misteriosa origem da perereca.
Após muitos e muitos demorados debates concluem que não se trata de alienígena, provindo de um planeta perdido no universo, desembarcado de um objeto voador não identificado, apesar do pequeno porte e de possuir dedos terminados em ventosa, além de membrana elástica.
A fim de dirimir dúvidas e possibilitar o fim do terrível impasse, chegam intérpretes e investigadores, convocados de todas as partes do mundo. Interrogado com técnicas modernas de investigação, o anfíbio anuro, da família Hylidae, não responde às perguntas que lhe são dirigidas em inglês, francês e espanhol. Talvez seja uma perigosa perereca espiã, chegada da Rússia, da China ou do Paquistão com a missão de verificar nosso programa nuclear.
O tempo flui sem que se chegue a uma conclusão. Dirigentes de órgãos governamentais entram na discussão, bem como representantes de organizações não governamentais que defendem a preservação da flora e da fauna e que sonham com uma volta ao passado, quando bastava uma trilha para caminhar à pé ou montado num vistoso cavalo.
Sob sol e chuva os trabalhadores aguardam ordens, muitos são demitidos para diminuir custos operacionais. Máquinas enferrujam ao longo dos canteiros, trechos concluídos sofrem desgaste, deterioram, precisam ser recompostos. Prejuízos se acumulam diante da longa paralisação imposta pela burocracia sem limites.
Milhares de pesquisas são realizadas com a finalidade de descobrir se a perereca pertence a algum ramo em extinção e se deriva de alguma sub-família brasileira ou argentina, já que ela se colocou, como obstáculo, na rodovia de ligação entre os dois países, obrigando os trabalhadores a recuarem como se fossem militares que batem em retirada diante da iminente vitória inimiga na batalha que se trava.
Muitos tratados são escritos, centenas de artigos merecem publicação em revistas especializadas de universidades. O enigma persiste. Decorridos sete meses, o veredicto final é dado, uma sentença esclarecedora: a perereca não corre risco de extinção, pode ser removida para o seu habitat.
Inicia-se, então, nova etapa de reuniões para decidir o tipo de remoção mais indicado. Uma carruagem real puxada por belos animais? Um recipiente de ouro para oferecer-lhe conforto de deputado?
Súbito, um assessor do assessor, olhos lacrimejantes, aproxima-se e pede aparte. Diz, com voz embargada: “Trago uma triste notícia para a comunidade científica. Apesar de todos os cuidados, a perereca morreu. Quer que providencie um enterro de luxo? Antes, temos de verificar o impacto ambiental da abertura de uma sepultura na mata. Vamos debater a questão.”

[Guido Fidelis]

Idéias ao vento

Ídolos se partem. Estilhaçam-se como estátua de barro. Eleger alguém como ídolo é um risco de se deixar fanatizar, fechar os olhos para a realidade e se transformar em robô. Diferente da admiração que se pode nutrir por quem se destacou, seja na vida artística, esportiva, política ou profissional e deixou uma marca na construção de um mundo melhor. O exemplo legado demonstra que é possível, a qualquer um, apenas com a força do estudo e do trabalho, distinguir-se na atividade escolhida para nortear nosso rumo.

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Sangram as veias da tarde. Raios avermelhados vazam das artérias do ocaso e desenham códigos enigmáticos no espelho de nuvens, o dia desmaia nos braços da noite. Aplausos para estrelas que ocupam o palco.

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Apenas curiosidade na magia do tempo, da evolução humana: a palavra puta, em latim, referia-se a uma deusa. Do verbo putare, significa podar, cortar os ramos de uma árvore.

Muitos vocábulos são derivados da expressão puta: deputado, amputar, putativo. Hoje, puta é puta, meretriz, rameira, enfim, uma infinidade de sinônimos. É a mulher que se entrega a qualquer um por dinheiro, embora, historicamente, também se encarregasse, na Grécia antiga, de arrecadar recursos para os templos.

Talvez por força do termo, deputado, proveniente de puta, também se deixe seduzir por dinheiro ou vantagens. É bom conferir.

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Dançar e dançar na areia da praia ao som da melodia das ondas. Cantar e cantar a liberdade e a alegria da vida. Pular, correr, petecar uma bola, voltar a ser criança que se encanta com a beleza do céu e do mar.