Guido Fidelis
Corredeiras do Tempo
São Paulo - RG Editores - 2001
134 páginas

Nascido em 1939, Guido Fidelis é um escritor cosmopolita, sensato, pé no chão, e sua pulsante literatura deixa pouca dúvida a respeito de suas preferências: drama policial com um aroma decididamente neonaturalista. Realmente, sua floresta urbana São Paulo é, mais frequentemente do que não, comprimida em um gênero ainda considerado opressivo. Porque apenas uma olhada de relance nos títulos das recentes obras revela tais tendências: por exemplo, É um Assalto (It's a Holdup; 1980), O Homem Fatal (Fatal Man; 1983), A Morte Tem Lábios Vermelhos (Death Has Red Lips; 1988) e A Reconstrução do Mundo (The Reconstruction of the World; 1994).

De qualquer forma, Corredeiras do Tempo (Rapids of Time), a última obra de Fidelis, mostra uma propensão marcante para a abstração acima da ação. Contemplação transcendental maior que compreensão física prova mais que o convencional, e de fato domina os mais de 30 ímpares contos, que quase medem somente um mero par de páginas de extensão. Há humanidade em suas inter-relações com as forças naturais ao redor. Raramente, o autor incorre na barbaridade, como que vitimado pelas epígrafes de Borges que apimentam os mini-textos por toda parte.
Ao invés de policiais e ladrões, o leitor se encontra imerso em atmosferas densas caracterizadas por uma forte ênfase no simbolismo. No final, a narrativa filosófica de Guido Fidelis chega através de curtas-metragens, ricos em lirismo e um prazer para ler.

Malcolm Silverman
Universidade de San Diego
World Literature Today